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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Catequese do Papa: Perdão que renova e transforma

Queridos irmãos e irmãs:
Lendo o Antigo Testamento, uma figura se destaca entre as demais: a de Moisés, como homem de oração. Moisés, o grande profeta e guia na época do êxodo, exerceu sua função de mediador entre Deus e Israel, tornando-se portador, com relação ao povo, das palavras e mandatos divinos, conduzindo-o rumo à liberdade da Terra Prometida, ensinando os israelitas a viverem na obediência e na confiança a Deus, durante a longa estadia no deserto, mas também, sobretudo, rezando. Ele reza pelo Faraó quando Deus, com as pragas, tentava converter o coração dos egípcios (cf. Ex 8-10); pede ao Senhor a cura da irmã Maria, enferma de lepra (cf. Nm 12,9-13); intercede pelo povo que havia se rebelado, aterrorizado pelo informe dos exploradores (cf. Nm 14,1-19); reza quando o fogo estava devorando o acampamento (cf. Nm 11,1-2) e quando serpentes venenosas estavam fazendo um massacre (cf. Nm 21,4-9); dirige-se ao Senhor e reage protestando quando o peso da sua missão se tornou muito grande (cf. Nm 11,10-15); vê Deus e fala com ele "face a face", como se fala com um amigo (cf. Ex 24,9-17; 33,7-23; 34,1-10.28-35).
Também quando o povo, no Sinai, pede a Aarão que faça um bezerro de ouro, Moisés reza, explicando de forma emblemática sua própria função de intercessor. O episódio é narrado no capítulo 32 do Livro do Êxodo e tem um relato paralelo no Deuteronômio, no capítulo 9. É neste episódio que eu gostaria de me deter na catequese de hoje, em particular na oração de Moisés que encontramos na narração do Êxodo. O povo se encontrava aos pés do Monte Sinai, enquanto Moisés, em cima do monte, esperava o dom das Tábuas da Lei, jejuando durante quarenta dias e quarenta noites (cf. Ex 24,18; Dt 9,9). O número 40 tem um valor simbólico e significa a totalidade da experiência, enquanto com o jejum se indica que a vida vem de Deus, é Ele quem a sustenta. O fato de comer implica na assunção do alimento que nos sustenta; por isso, jejuar, renunciando à comida, adquire, neste caso, um significado religioso: é uma maneira de indicar que não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca do Senhor (cf. Dt 8,3). Jejuando, Moisés indica que espera o dom da Lei divina como fonte de vida; esta desvela a vontade de Deus e nutre o coração do homem, fazendo-o entrar em uma aliança com o Altíssimo, que é fonte de vida, é a Vida em si.