João Gabriel Perboyre nasceu em Puech, diocese de
Cahors, no sul da França, aos 06 de janeiro de 1802. Com 15 anos, entrou para o
seminário de Montauban, dirigido pelos Padres Lazaristas, onde seu tio, Padre
Jacques Perboyre, era reitor. Com 16 anos, já era um seminarista consciente da
própria vocação. Na oração, na ascese e no zelo, dava provas da firmeza de seu
propósito: Quero ser missionário... Oh,
como é bela a cruz plantada em terra infiel e regada com o sangue dos apóstolos
de Jesus Cristo.
Em 15 de dezembro de 1818, entrou para o Seminário
Interno da Congregação da Missão e emitiu os votos a 28 de dezembro de 1820. Concluindo
seus estudos em junho de 1823 e não podendo ser ordenado devido à idade (isso
só aconteceria a 23 de setembro de 1826), retornou a Montauban como professor.
Um ano depois de ordenado, foi nomeado superior do Seminário de Saint-Flour e,
em 1832, diretor do Seminário Interno, em Paris.
Foi em 1820, quando estava no Seminário Interno, que
Padre João Gabriel recebeu a notícia do martírio do Padre Francisco Régis Clet,
depois de longos anos de trabalho missionário na China (1791-1820). Anos
depois, por ocasião da chegada à Paris das relíquias do Padre Clet, o jovem
missionário Perboyre, já como diretor do Seminário Interno, cargo também
exercido por seu Coirmão martirizado, exclamou diante de seus formandos: Quisera
eu ser mártir como Clet! Peçam a Deus que minha saúde se fortifique para que eu
possa ir à China, a fim de pregar Jesus Cristo e morrer por ele.
A falta de saúde era realmente um grande obstáculo
para seus sonhos. Mas Padre Perboyre nunca perdeu a esperança. De fato, em
1835, partiu para a China, desembarcando em Macau alguns meses depois. Neste
território português, Padre Perboyre foi recebido por seus Coirmãos de
Congregação para se dedicar ao estudo da cultura e, principalmente, da língua
chinesa, esforço que empreendeu sem demora, permanecendo em Macau apenas quatro
meses.
Em terras chinesas, apesar da grande perseguição
contra a fé cristã, Padre Perboyre não se intimidou e se lançou de corpo e alma
à missão. Para isso, preparou-se física e culturalmente: aprendeu o idioma
chinês, mandou raspar a cabeça, salvo um punhado de cabelo atrás, prolongado
por uma trança postiça, e deixou crescer o bigode. Sobre essa inculturação,
escreveu a seu irmão: Se você pudesse me
ver com meu traje chinês, se visse minha cabeça raspada, minha longa trança e
bigode, balbuciando minha nova língua, comendo com os pauzinhos que servem de
faca, colher e garfo... Para melhor se inculturar e servir ao povo chinês,
Padre Perboyre, como todos os seus outros Coirmãos, também adotou um novo nome,
passando a ser chamado de Padre Tong Weng Hio, ou simplesmente Padre Tong.