Paz e Alegria para todos Vocês!
Dom Helder Camara nos oferece uma pequena meditação:
“ANUNCIARAM UM PRESÉPIO VIVO
Uma Jovem linda fazia as vezes de Nossa Senhora... Um Senhor, meio idoso, fazia o papel de São José... Uma Criança loura de olhos azuis, era o próprio Menino Deus... Presépio vivo ou quadro teatral? ... Quem quiser Presépio vivo entre em qualquer mocambo dos Alagados, destes onde a Família apanha comida nas latas de lixo e vive sem luz, sem água, sem esgoto, sem voz e sem vez... Há sempre Criança nova dormindo em algum caixão de querosene, ameaçada de ser roída pelos ratos, ou de ter a cabeça devorada pelos porcos... Nome da Criança? Nome aparente: Zé, Amaro ou Severino... Nome de verdade: Jesus Cristo!”
Este texto nos convida a alguns instantes silenciosos. . . O Criador e Pai prova – pelo envio de seu Filho Jesus – que a Humanidade tem o direito feliz de ser humana... Que o Espírito do Homem de Nazaré mova todos os Corações para construirmos um Mundo respirável...
Mais de 2000 anos se passaram...
A Humanidade celebra, mais uma vez, o feliz nascimento de Jesus. Esta Humanidade se tornou, após o primeiro natal – sempre mais – humana? Os dias de dezembro são, cada ano de novo, uma oportunidade para refletirmos um pouco.
O Criador – Amor pleno – faz a mulher e o homem viverem em um belo paraíso, lugar certamente bem humano, pois repleto de paz, felicidade e bem-estar. Mas, o mal, o negativo, o egoísmo desviam o curso dos sonhos do Pai. As filhas e os filhos, na prática menos irmãs e menos irmãos, mergulham em dor e sofrimento. Os Profetas gritam, denunciando o que está errado, e anunciando o que é bom e belo. Nasce Jesus, trazendo vida, e “vida em abundância”; vem Jesus para a Humanidade se tornar novamente humana.
E, neste final do ano 2012? Todas e todos vivem, realmente, vida humana? As Instituições – de todos os matizes – permitem, de verdade, vida humana? Não se precisa de muito tempo para descobrir que a realidade nua e crua deixa muito a desejar.
Escravidões individuais e coletivas, em numerosas formas, freiam a possibilidade de a vida ser, cada vez mais, humana. Vegetar não é viver humanamente. Encontrar-se na “miséria que sub-humaniza” e no “egoísmo que desumaniza” – expressões de Helder Camara – não é viver humanamente. Estar rodeado por cercas que sufocam não tem muito a ver com vida humana. Por isso, Dom Pedro Casaldáliga sentencia: “Malditas todas as cercas que nos impedem de viver e amar!”. Vez por quando tem-se a impressão que temos pós-graduação em construir cercas! Cercas em torno de nós mesmos, cercas ao redor dos outros, cercas nas sociedades, cercas nas igrejas. Deste modo não se dá continuidade à vida que Jesus desejava trazer à terra no primeiro natal.