Mensagem dos Bispos do Brasil sobre a celebração
do 50º aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II
Ao clero, consagrados e consagradas na Vida
Religiosa e em outras formas de consagração a Deus, ao querido povo de Deus em
nossas Dioceses:
No dia 11 de outubro deste ano, o Papa Bento XVI
presidirá, em Roma, à solene abertura do Ano da Fé, para comemorar o 50º
aniversário do Concílio Ecumênico Vaticano II e o 20º aniversário do Catecismo
da Igreja Católica. Celebrações tão significativas são motivo de grande alegria
para a Igreja e convite para voltarmos nosso olhar para o imenso dom deste
Concílio, no qual participaram os Bispos do mundo inteiro, convocados e
presididos pelo Sucessor de Pedro. Mas é também ocasião para uma avaliação a
respeito da aplicação das decisões conciliares e do caminho que resta ainda a
ser percorrido nessa direção.
O Papa João XXIII, explicou que convocava o
Concílio para “o crescimento da fé católica, a saudável
renovação dos costumes no povo cristão e a melhor adaptação da disciplina da
Igreja às necessidades de nosso tempo. [...] Sem dúvida constituirá maravilhoso
espetáculo de verdade, unidade e caridade que, ao ser contemplado pelos que
vivem separados desta Sé Apostólica, os convidará, como esperamos, a buscar e
conseguir a unidade pela qual Cristo dirigiu ao Pai do Céu a sua fervorosa
oração” (Encíclica Ad Petri Cathedram, 33). Assim, o Concílio Ecumênico poderia
“restituir ao rosto da Igreja de Cristo o esplendor dos traços mais simples e
mais puros de suas origens” (Homilia a um grupo bizantino-eslavo, 13/11/1963). O
Beato João XXIII e o Venerável Paulo VI consideraram o Concílio, suscitado pelo
Espírito Santo, um novo Pentecostes, uma verdadeira primavera para a Igreja.
Ao longo das quatro sessões conciliares, que
contaram com a presença de presbíteros, consagrados e consagradas, de cristãos
leigos e leigas e de representantes de outras Igrejas cristãs, a Igreja de nosso
tempo pôde testemunhar como age o Espírito Santo no mundo, na História e no
coração dos fiéis. Os dezesseis Documentos foram preparados por especialistas,
debatidos e enriquecidos pelos Padres Conciliares e, uma vez aprovados pelos
Bispos, foram apresentados ao Papa Paulo VI, que os promulgou com a bela
fórmula: “nós, juntamente com os veneráveis Padres e o Espírito Santo, os
aprovamos, decretamos e estatuímos”. Testemunhou-se assim, em pleno século XX, a
experiência da Assembleia Apostólica de Jerusalém, no final da qual os Apóstolos
divulgaram suas conclusões com esta declaração: “Decidimos, o Espírito Santo e
nós…” (At 15,28).