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domingo, 28 de setembro de 2014

Palavra do visitador por ocasião da festa de São Vicente

Estimados coirmãos e seminaristas
Neste dia em que celebramos nosso grande santo fundador São Vicente de Paulo, quem nos deixou o carisma que guia nossas vidas, quero saudar a todos fraternalmente, desejando que a força do seu testemunho e do seu ensinamento sigam sustentando-nos em nossa missão.
Celebrar São Vicente de Paulo não pode ser apenas ocasião para nos alegrarmos e nos felicitarmos mutuamente. Celebrar São Vicente deve necessariamente suscitar uma reflexão, que nos ajude a progredir na compreensão do carisma e em um estilo de vida que este comporta.
Somos chamados, ao estilo de São Vicente, a servir aos pobres com amor misericordioso. Esse chamado exige de nós uma resposta urgente, já que os pobres não podem ficar sempre nos esperando, dizia São Vicente: “é preciso correr para servir aos pobres como se corre para apagar o fogo de um incêndio...”.
Faz-se sempre necessário que nos deixemos interpelar pela mensagem e o testemunho de São Vicente para que superemos todo tipo de conformismo e acomodação que pode nos paralisar e neutralizar a força do nosso carisma.
Não podemos nos contentar com uma vida tranqüila pensando que já fazemos muito pelos pobres. Sempre cabe uma pergunta se o que fazemos é suficiente ou se podemos fazer ainda um pouco mais.
Seja este dia, para cada um, mais uma oportunidade para renovar o fervor da nossa vocação vicentina, que nos desafia a seguir os passos de Jesus à maneira de São Vicente de Paulo!
Peço que na missa deste dia, sábado, na igreja matriz ou comunidade em que celebrarem não se esqueçam de falar do nosso santo fundador, não apenas fazendo alguma referência a ele, mas dando-lhe o destaque que merece.
Rogamos a Deus pela intercessão de São Vicente, proteção e bênçãos para cada coirmão, seminarista e vocacionado de nossa Província.

Pe.Evaldo Carvalho dos Santos, CM

Provincial de Província de Fortaleza da Congregação da Missão

Reflexão de D. Helder sobre São Vicente de Paulo

Dom Helder nos diz: "Os tempos passam e S. Vicente só faz crescer. É sempre mais modelo e inspiração.
Deus lhe deu antenas para captar todos os grandes sofrimentos do seu século. Que sofrimento existiu em seu tempo, sem que ele percebesse? E o Senhor lhe deu a graça de descobrir para cada sofrimento a providência adequada. 
Sabendo que sua estada na terra era passageira, criou os Padres Lazaristas, as Filhas da Caridade e outras Instituiçōes de caridade, encarregadas de espalhar pela terra inteira e de estender através dos séculos, sua luta de amor em favor dos pobres, dos oprimidos, dos quantos sofrem no corpo e na alma.
Quanta e quantas vezes me pergunto: "Que faria o querido São Vicente de Paulo, se voltasse à terra em nossos dias? 
Claro que Ele teria descoberto que a pobreza hoje nāo atinge apenas os indivíduos e as famílias. Ele constataria o escândalo de paises númerosos, de continentes inteiros, mais de que em estado de pobreza, sim, em estado de miséria. 
Com seu olhar aguçado, São Vicente descobriria que, se há países sempre mais ricos e países muito mais númerosos sempre mais pobres, na raiz desta distância que só faz crescer, há injustiças incríveis. E ele denunciaria as injustiças, fosse quais fossem as consequências.
Ao assistir o filme Monsieur Vincent guardo na mente e no coração cenas inesquecíveis. A primeira cena, apresentando o Santo sem poder dormir, acompanhando gritos angustiados da noite dos que sofrem. Uma segunda cena, o deixa ver a repulsa das grandes senhoras que ajudavam o santo, quando Ele ousou querer confiar a uma delas uma criancinha abandonada que encontrou em sua porta e que a trazia envolvida em seu manto. A criança deveria ser "filha do pecado" e as supersantas senhoras nāo queriam se manchar. Uma após a outra, todas se recusam a segurar a filha do amor proibido. 
Mas a cena mais bela é o diálogo entre o santo já idoso, de saúde abalada, já chegando ao fim, e Joana, a jovem noviça, a quem São Vicente já nāo poderia mais acompanhar. O santo fala à futura Irmā de Caridade Suas palavras são testamentos para todos nós. Foi falando à Joana a palavra carregada de sabedoria e que eu gosto de repetir: "é preciso conquistar pelo amor o direito de dar." É difícil dar. Nāo exagero dizendo que é dificílimo dar sem humilhar, sem aparência de superioridade, de força, de prestígio, dar sem que nossa mão esquerda saiba o que fez a direita.
E conclui sua reflexão com essa súplica que deve ser a nossa também: “Que o Espírito Santo derrame suas luzes sobre todos nós que lidamos com a pobreza, para que sejamos ao menos uma sombra da sombra do grande e querido Sāo Vicente de Paulo. (D. Helder Cámara, 27 de setembro de 1975)