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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Festa de Nossa Senhora do Carmo

Dos Sermões, de São Leão Magno, papa

Maria concebeu primeiro em seu espírito,
e depois em seu corpo
Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo. E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria. Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo? A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.
Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, se fez homem. Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.
Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade. Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor. Por conseguinte, aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina. Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.  
Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo.  
Por isso, quando o Senhor nasceu, os anjos cantaram cheios de alegria: Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por ele amados (Lc 2,14). Eles veem, efetivamente, a Jerusalém celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos anjos se rejubilam?

Carta do Superior Geral aos Seminaristas do Brasil

                                                       CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE
CURIA GENERALIZIA

Roma, 6 de junho de 2014
Aos Seminaristas da Congregação da Missão no Brasil
31º. Encontro Nacional dos Estudantes Vicentinos do Brasil (ENEV),
de 7 a 13 de julho de 2014, em Belém – PA

Estimados Seminaristas,
Conosco o ardor e a força de Cristo Evangelizador dos pobres!
Saúdo fraternamente a todos. Quero aqui fazer-me presente juntos a vocês com minha amizade, orações e votos de muito êxito neste encontro de convivência e reflexão,
Alegro-me com a oportuna escolha do tema da “Formação Vicentina para os dias atuais” para a reflexão de vocês neste encontro. Nos dias atuais, a Igreja tem consciência de ser cada vez mais missionária e nos desafia a colocar-nos em “estado de conversão e de saída missionária”. Este apelo eclesial revela a riqueza e a atualidade de nossa vocação vicentina e reforça a necessidade de aprofundar a fidelidade criativa para a missão, tal como nos propõe a nossa última Assembleia Geral. Penso que o horizonte da fidelidade criativa é a referência fundamental para nossa reflexão e dinamização da formação vicentina nos dias atuais. Animo-os, pois, a refletir e aprofundar o sentido da formação como um processo dinâmico, progressivo, contínuo e integral de desenvolvimento pessoal e comunitário de nossa configuração com Cristo Evangelizador dos pobres e como o húmus da revitalização do carisma, a terra fértil onde se pode germinar e cultivar uma vida e missão mais significativas.
Na abertura e na escuta ao que o Espírito nos está dizendo nos dias de hoje, entendo que o exercício da fidelidade criativa nos impele a desenvolver uma interação dinâmica entre o nosso carisma fundacional e os apelos de Deus na realidade atual dos pobres e a buscar caminhos novos e criativos para a assimilação, reconfiguração e vivência de nossa vocação. Chama-nos a tomar consciência de que somos uma Congregação missionária internacional: somos congregados para a Missão, para ir com disponibilidade e desapego ao encontro do pobre no mundo inteiro, deixando-nos evangelizar por ele e buscando desenvolver e atualizar nosso serviço missionário lá onde os apelos missionários são mais urgentes. Esta consciência congregacional ampla, baseada no ideal missionário comum, nos impulsiona a assumir e a desenvolver a reconfiguração tanto em sentido ‘intra’ como ‘interprovincial’ e em suas várias dimensões, para dinamizar e atualizar o sentido e a assimilação de nosso carisma; desafia-nos a cultivar um sentido de pertença à Congregação, um sentido vital, concreto e duradouro que
vá mais além das comunidades locais e provinciais; convoca-nos a dar passos concretos na criação de espaços de colaboração interprovincial em âmbito da missão, da formação e da administração; requer de nós alimentar a disponibilidade pessoal e a mobilidade para participar em novos projetos missionários, rever nossos ministérios e as nossas estruturas pessoais e comunitárias para realçar a dimensão missionária, ir aos mais necessitados, distantes e afastados e somar forças para colaborar juntos com a Família Vicentina e como Família Vicentina...
Em espírito de fidelidade criativa, não podemos deixar-nos cair na estagnação e no comodismo de práticas e estruturas de vida e ação impróprias para o nosso serviço vicentino, somos chamados a deixar-nos renovar pela capacidade inovadora e pela vitalidade missionária de nossa vocação. Necessitamos de uma formação que ajude a construir uma Congregação reconfigurada, com missionários reconfigurados na evangélica paixão por Cristo nos pobres e pelos pobres em Cristo e na lógica do amor-doação que nos coloca em “estado de conversão e de saída” para a missão. Necessitamos de uma formação que transmita o carisma e robusteça o sentido de pertença a uma família carismática internacional, que reforce a identidade vicentina nos seus elementos essenciais e irrenunciáveis, sem fechamento nos interesses individualistas, nos limites geográficos, culturais e provinciais e em práticas e estruturas convencionais e sem força de conversão e de vitalidade missionária. Nesta perspectiva, proponho-lhes um sério esforço para aprofundar e discernir coerentes e criativas atitudes, práticas e propostas formativas e com elas se comprometer, para nos ajudar como Congregação da Missão a crescer criativamente fieis ao carisma vicentino e evangélica e eficazmente solícitos na resposta aos atuais apelos missionários dos pobres!
Finalmente, aproveito aqui a oportunidade para lhes pedir que prepararem um vídeo de 3 a 5 minutos, com uma mensagem para nossa próxima Assembleia Geral (2016), apresentando suas reflexões e expectativas em relação à Congregação da Missão, a partir do tema que será estudado: “A CM, entre os 400 anos de fidelidade ao carisma e a nova Evangelização”.
Deus abençoe a todos, formando e dilatando seus corações, mentes e ideais no espírito e na extensão do amor missionário de Cristo Jesus! Que este 31º ENEV os ajude a estreitar sempre mais os laços de fraternidade vicentina como membros de uma única Congregação, aprofundando os desafios e caminhos para uma sólida formação vicentina e se comprometendo e crescendo sempre mais na opção de seguir Cristo evangelizador dos pobres.
Seu irmão em São Vicente,
G. Gregory Gay, C.M.
Superior Geral