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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Carta do Superior Geral para Família Vicentina/2014

ROMA, 18 de julho de 2014 

Queridos membros da Família Vicentina, 
Em vista da festa de São Vicente de Paulo, em nome da Família Vicentina e dos  responsáveis de nossos diferentes ramos, escrevo-lhes para informar que decidimos dedicar o próximo ano à «nova evangelização». Nós o faremos como Família Vicentina, centrando  nossa atenção sobre três pontos chaves de fidelidade no seguimento de Jesus Cristo, evangelizador e servidor dos pobres: 
• A necessidade de uma conversão pessoal e comunitária, 
• A necessidade de ir além de nós mesmos escutando o grito dos pobres, sobretudo, daqueles que vivem na periferia de nossas cidades e à margem da sociedade atual, 
• A necessidade de evangelizar e de oferecer novas formas de praticar a pastoral da família. 
De 5 a 19 de outubro de 2014, o Papa Francisco realizará um Sínodo de Bispos para 
estudar «Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização». É um tema importante proposto pelo nosso Santo Padre para o bem da Igreja, segundo mostrará este  Sínodo. 
No início de seu pontificado, o Papa São João Pulo II lançou o apelo a uma «nova evangelização» para incentivar um novo fervor e meios inovadores para encontrar Jesus, aprofundar nossa relação com Cristo e crescer na vida de fé. Este apelo de João Paulo II, veio em um momento de mal-estar geral entre os cristãos, especialmente nos países do  mundo desenvolvido. João Paulo II acreditava que os cristãos estavam se tornando menos fervorosos em sua prática de fé, de modo que ele chamou à conversão e a uma nova evangelização. Estas dinâmicas em favor de uma revitalização foram retomadas e  incentivadas por seus dois sucessores, o Papa emérito Bento XVI e o Papa Francisco.
Redescobrir e encontrar novamente Jesus com amor em nossos corações, aprofundando nosso relacionamento com Ele para crescer em nosso ser de discípulos é um  aspecto essencial desta nova iniciativa. Trata-se de um aprofundamento pessoal da nossa fé  no Deus de Jesus Cristo, um fruto do Espírito Santo. Este amor nos guia no caminho da devoção a Deus e da dedicação aos outros, especialmente os pobres. Como cristãos  verdadeiramente comprometidos e como discípulos de Jesus, compartilhamos a Boa Nova  do amor de Deus que se encontra nas Sagradas Escrituras e nos Sacramentos. A tarefa de todo fiel católico batizado é de tornar Jesus conhecido a todos. 

Para fazer isso, a Igreja nos convida à conversão, a uma nova maneira de encontrar  Deus e de crer Nele, de compartilhar a Boa Nova com os outros. Para viver esta experiência  de conversão e seguir um novo caminho para encontrar Deus, devemos deixar nosso próprio  conforto e escutar o Senhor quando Ele nos fala nas profundezas de nosso coração. Na  condição de membros da Família Vicentina, como podemos responder a este apelo à conversão e à nova evangelização? O carisma que São Vicente de Paulo compartilhou com  Santa Luísa de Marillac e que continuou com o Bem-aventurado Frederico Ozanam e com muitos outros na tradição vicentina, consistia no cuidado dos pobres e desprovidos. Mas 
este incluía também o «cuidado das almas», como sendo uma parte essencial da missão. 
Na vocação vicentina, missão e caridade são inseparáveis. As obras de misericórdia corporais e espirituais e o serviço andam sempre de mãos dadas. Estas instruções dirigidas  às Filhas da Caridade no seu serviço dos pobres nos falam: a «principal preocupação fazê-los conhecer Deus, anunciar-lhes o Evangelho e tornar presente o Reino» (Constituições das Filhas da Caridade, 10a). O Bem-aventurado Frederico Ozanam enfatizava que a ajuda  material não era o único aspecto do serviço dos pobres da Sociedade. Ao contrário lembrava aos confrades que sua espiritualidade e seu testemunho cristão, cheio da ternura do amor de  Deus, ajudavam muitos cristãos a voltar à fé como também a evangelização de muitos não  cristãos. É uma virtude essencial de nossa espiritualidade vicentina: desenvolver e aprofundar a nossa relação com Jesus e ajudar outros a encontrar o Cristo. É a fé em atos. 
São muitos os desafios que nos esperam na vida cotidiana. Mas é agora o momento  favorável para anunciar a Boa Nova da salvação em Jesus Cristo. Embora vivamos em um  ambiente muitas vezes indiferente à religião, as pessoas ainda têm real sede de valores mais elevados. Há uma fome de Deus no meio do povo de Deus, especialmente quando se aspira a um novo modo de viver que difere das normas vigentes da sociedade. Somos tentados a adotar a maneira como as pessoas vivem este ambiente de indiferença religiosa e nos acostumar a aceitar a pouca importância que as pessoas atribuem às questões essenciais da fé e do sentido da vida neste mundo. 

Santa Maria Madalena

Das Homilias sobre os evangelhos, de São Gregório Magno, papa
(Hom.25,1-2.4-5:PL 76,1189-1193)   (Séc.VI)
 
Sentia o desejo ardente de encontrar a Cristo,
que julgava ter sido roubado
Maria Madalena, tendo ido ao sepulcro, não encontrou o corpo do Senhor. Julgando que fora roubado, foi avisar aos discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que a mulher lhes dissera. Sobre eles está escrito logo em seguida: Os discípulos voltaram então para casa (Jo 20,10). E depois acrescenta-se: Entretanto, Maria estava do lado de fora do túmulo, chorando (Jo 20,11).
Este fato leva-nos a considerar quão forte era o amor que inflamava o espírito dessa mulher, que não se afastava do túmulo do Senhor, mesmo depois de os discípulos terem ido embora. Procurava a quem não encontrara, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do seu amor, sentia a ardente saudade daquele que julgava ter sido roubado. Por isso, só ela o viu então, porque só ela o ficou procurando. Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22).
Ela começou a procurar e não encontrou nada; continuou a procurar, e conseguiu encontrar. Os desejos foram aumentando com a espera, e fizeram com que chegasse a encontrar. Pois os desejos santos crescem com a demora; mas se diminuem com o adiamento, não são desejos autênticos. Quem experimentou este amor ardente, pôde alcançar a verdade. Por isso afirmou Davi: Minha alma tem sede de Deus, e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver a face de Deus? (Sl 41,3). Também a Igreja diz no Cântico dos Cânticos: Estou ferida de amor (Ct 5,8). E ainda: Minha alma desfalece (cf.Ct 5,6).
Mulher, por que choras? A quem procuras? (Jo 20,15). É interrogada sobre o motivo de sua dor, para que aumente o seu desejo e, mencionando o nome de quem procurava, se inflame ainda mais o seu amor por ele.
Então Jesus disse: Maria (Jo 20,16). Depois de tê-la tratado pelo nome comum de mulher sem que ela o tenha reconhecido, chama-a pelo próprio nome. Foi como se lhe dissesse abertamente: Reconhece aquele por quem és reconhecida. Não é entre outros, de maneira geral, que te conheço, mas especialmente a ti. Maria, chamada pelo próprio nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente exclama: Rabuni, que quer dizer Mestre (Jo 20,16). Era ele a quem Maria Madalena procurava exteriormente; entretanto, era ele que a impelia interiormente a procurá-lo.