center

.

.

sábado, 7 de maio de 2011

VI Interprovincial do Serviço de Animação Vocacional Vicentino

Belo Horizonte, 04 a 08 de Maio de 2011  
Primeiro dia, 04 de Maio, quarta-feira
Organizado pela Província de Belo Horizonte das Filhas da Caridade, o VI Encontro Interprovincial do Serviço de Animação Vocacional Vicentino (SAVV) começou na noite do dia 04, quarta-feira, com uma animada dinâmica de apresentação, inspirada no “trem mineiro”, significativo símbolo de nossa Minas Gerais. Após a apresentação, durante a qual todos os participantes receberam pequenas velas, houve um momento de espiritualidade mariana, com a entrada solene da imagem da Virgo Potens, em cujos pés depositamos nossas lâmpadas e nossas preces. Em seguida, houve a palavra de acolhida da Visitadora da Província anfitriã, Ir. Maria das Graças Alves, F.C.
Eram cerca de 65 participantes, reunidos na Casa São José, dos Padres Redentoristas, em Belo Horizonte-MG, do dia 04 ao dia 08 de maio de 2011, vindos de todas as províncias do Brasil: Filhas da Caridade das Províncias da Amazônia, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte; e Padres da Missão das Províncias de Fortaleza, Curitiba e Rio de Janeiro.
Segundo dia, 05 de Maio, quinta-feira
O segundo dia começou, bem cedo, com a Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Geraldo Ferreira Barbosa, C.M., que, à luz da Palavra de Deus, fez a memória dos outros cinco Interprovinciais.
O primeiro assessor de nosso encontro foi o Padre Jaldemir Vitório, S.J., que falou sobre “Animação Vocacional e Mudanças Culturais”, conforme o artigo que acompanha este relatório.
Introduzindo seu tema, disse que precisamos fazer uma leitura da fé da realidade e, neste sentido, perceber os sinais dos tempos em todos os acontecimentos, para se perceber qual a vontade de Deus nos fatos da história. Não se pode colocar dificuldades prévias ao processo vocacional, especialmente desconsiderando a capacidade dos jovens de serem despertados e de se disporem para a consagração.
Outro fato comentado logo de início foi a “descoberta” do Concílio Vaticano II de que não existem duas histórias, uma sagrada e outra profana, mas apenas uma, a história dos homens penetrada por Deus e feita espaço de salvação. Por isso deve-se ter o coração aberto para acolher os jovens como eles nos chegam. Não se pode querer vocacionados de outro planeta, com outra conformação existencial, ou com ideias altíssimos. Os vocacionados que nos aparecem devem ser acolhidos em sua concretude e em sua realidade existencial, pessoal, familiar e social, sem querer que tragam de casa os arquétipos ideais da Vida Consagrada.










Padre Vitório chamou também a atenção para a mudança no estilo da Vida Consagrada (VC), ou seja, a mudança do modelo de consagração. As últimas décadas não colocaram a VC fora de moda, ou a relegaram a segundo plano eclesial e social. Não. A VC, que passa por uma mudança de modelo, por uma reforma de estruturas, precisa se colocar no mundo de hoje a partir da leitura dos sinais dos tempos e chamando os jovens para este novo momento. Isso, claro, exige mudanças estruturais e mentais para a abertura necessária da VC e para a dilatação de sua capacidade de acolhida do mundo e dos jovens.
Outro aspecto é o descolamento da VC em relação aos pobres nos tempos atuais. A VC que surgiu na Modernidade nasceu em função do serviço aos pobres. Todos os Fundadores da modernidade tiveram esta intuição porque esta é a intuição mais legítima do Evangelho. No entanto, no momento presente, o afastamento dos pobres deve questionar nosso modelo de vida e nossas próprias convicções e opções vocacionais. O serviço aos pobres se impõe, hoje, como critério vocacional e como objetivo de todo nosso empenho humano, comunitário e financeiro. Não se pode admitir consagrados que vivem para o enriquecimento de suas instituições e para o cuidado único e exclusivo da preservação e autossustentação de seus bens. Tirar os pobres de nosso horizonte de reflexão e de nosso empenho missionário vai enfraquecendo o carisma na Igreja e tornando infértil nossa vida e consagração.
Serviço aos pobres não pode ser apenas forma de manter filantropia, pois, neste sentido, tem-se visto muito financiamento de trabalhos com os pobres. A VC começa a pagar outras pessoas para trabalharem com os pobres. O serviço aos pobres é, para a VC, espaço de doação total de sua existência. E é para os consagrados o lugar de serviço e de consagração missionária.

A própria história mostra o dinamismo missionário da VC. Iniciada com o monaquismo, eremítico e cenobítico, viu o surgimento dos mendicantes como forma de renovação diante de um mundo que mudava no fim da Idade Média. O advento das grandes navegações e a descoberta de novos povos provocou também na VC uma outra renovação. Fundadores surgem propondo à Igreja e ao mundo um novo estilo de VC, agora mais arejada e mais dinâmica, liberta dos penduricalhos medievais e das grades monásticas às quais todos acabaram presos com o passar dos tempos. Os novos desafios dos tempos trouxeram novas congregações e novos modos de vida consagrada, todas elas atentas aos sinais dos tempos e à realidade concreta do mundo, para o qual o Espírito suscita profetas e missionários.
Diante do advento dos novos movimentos e de novas comunidades de aliança e de vida, não se pode achar que a VC “tradicional” está sendo substituída por estas novas expressões de VC. O surgimento de novas formas de vida não dispensa as demais. Ao contrário, traz novos elementos em vista de uma renovação de toda a VC. A VC “tradicional” jamais será substituída, pois nasceu diante de necessidades urgentes da Igreja e do mundo e, especificamente, por causa da realidade gritante dos pobres de ontem e de hoje.
VC é vivência comunitária da fé para o serviço dos irmãos. Por isso deve ser redobrada a atenção ao acompanhamento vocacional, para se evitar o ingresso de pessoas doentes e problemáticas nas comunidades. Não se pode colocar em risco todo um projeto por causa de particularidades doentias e por conveniências subjetivas e grupais.
Por sua vez, a estrutura formativa precisa se abrir para acolher os jovens como estão chegando à comunidade. Não adiantam estruturas pesadas, sem diálogo e sem liberdade para a partilha da vida e da missão. O processo formativo deve ser aberto para que todos se sintam acolhidos e possam ter liberdade de dar-se a conhecer e conhecer a Congregação em profundidade.
O carisma pessoal, que cada qual já tem, desde suas raízes existenciais, precisa ser vivido, por uma motivação espiritual, quando isso é despertado pelo Espírito, numa comunidade de consagração. Com efeito, a VC é espaço de consagração comunitária. De reunião dos dons pessoais para que, juntos, possam provocar muito mais mudanças na realidade à luz do Evangelho. Por isso se exige uma renovação constante das estruturas institucionais e formativas para que o processo vocacional seja mais verdadeiro e possa provocar cada vez mais vocações autênticas. 
Após breve partilha dos participantes, alguns pontos foram comentados. Pessoas que não vivem a autenticidade pessoal não estão maduras para entrar num processo vocacional. Não se pode empurrar pra frente no processo pessoas que não têm transparência para o processo formativo. Sem transparência não há formação.
Quanto às vocações “adultas”, é preciso renovar o processo formativo para evitar atitudes infantilizadoras e um processo de formação sem maturidade e experiência da parte dos formadores. “Para espertos, é preciso esperto e meio”. Em relação a vocações adultas e vocações egressas, que trazem sérios complicadores para o processo vocacional, é preciso um grupo de formadores maduros, experientes e com olhar clínico sobre a formação. Formadores ingênuos e sem experiência não dão conta de acompanhar tais casos.
Um cuidado que precisa ser tomado no processo vocacional e formativo é com o modismo. Hoje se relativiza muito o essencial por causa dos modos de vida que vão surgindo e vão se impondo culturalmente. Tanto no que diz respeito às novas tecnologias como no relativo às formas de vida, deve-se tomar muito cuidado para que não se deixe de lado o fundamental e constitutivo da consagração para atender às necessidades pessoais e conveniências subjetivas de cada um.
Recordando palavras de Bento XVI no Brasil, em 2007, Padre Vitório comentou sobre o chamado que deve ser feito, mesmo quando não vemos objetivamente chances de ser aceito. Nosso chamado precisa ser pelo testemunho e por uma provocação que, partindo de atitudes concretas, interpela pessoalmente o jovem. A verdadeira fé tem difusão. Se não difundimos nossa fé não temos fé. Segundo o Papa, não adianta meras atitudes proselitistas. O proselitismo não leva para a fé, leva para as igrejas. O caminho da fé é o caminho do encantamento por Jesus através do testemunho dos discípulos. Esta tem que ser a atitude dos discípulos missionários animadores vocacionais. Não basta mais a institucionalização da fé, pois o cristianismo encarnado nas igrejas tornou-se muito institucional. Falta vida e testemunho eloquente. Falta o encantamento que supera todo rubricismo e toda burocracia. O encantamento que provoca e convoca.
Na parte da tarde, começou a apresentação dos trabalhos vocacionais de cada Província. A primeira apresentação foi feita pela Província do Rio de Janeiro (CM), que mostrou a organização do SAVV e suas atividades: a equipe central, composta por vários padres, um irmão e dois seminaristas, e a equipe dos animadores regionais, de acordo com as casas e obras da Província.  25 jovens sendo acompanhados. Contato por email e carta, visitas, envio de materiais e subsídios vocacionais. Acompanhamento vocacional junto à Família Vicentina e para os vários Ramos da Família. Participação no GRAVO (Grupo de Reflexão de Animadores Vocacionais da Conferência dos Religiosos do Brasil, regional Belo Horizonte) e em suas promoções, como momentos de formação e animação vocacional intercongregacional. Incremento do site da Província, com maior clareza da proposta vocacional da Congregação. Desafios apresentados: vocacionados egressos (“rodízio vocacional”), vocações adultas, falta de roteiros e celebrações vocacionais, que ajudem na “vocacionalização” da Província, partilha do acompanhamento vocacional pela equipe, remodelação do estágio vocacional.
A segunda apresentação foi feita pela Província da Amazônia (FC). No que se refere à formação, houve cursos de capacitação sobre o carisma, os desafios da realidade e formação psicológica. Há parceria com movimentos eclesiais e com a Família Vicentina (em especial, Congregação da Missão e Juventude Marial Vicentina). Tem-se intensificado o processo de formação da equipe e das animadoras regionais, com várias atividades formativas, com a Escola de Formação Vocacional, em Fortaleza-CE. No que se refere à missionariedade, busca-se maior sensibilidade diante dos pobres e dos desafios da missão. Presença das postulantes e Irmãs em Missões Populares e encontros em regiões mais exigentes de missões. Houve um processo avaliativo em todas as Comunidades, em vista da urgência de se criar um planejamento estratégico para o SAVV. Esta avaliação consistia na definição da missão e dos valores do SAVV, identificação dos nós críticos, levantamento da problemática, definição dos cenários otimistas, pessimistas e realistas em relação ao SAVV, definição dos fatores favoráveis e desfavoráveis, definição dos pontos fortes e dos pontos fracos e, finalmente, a análise, a partir das seguintes equações: fatores favoráveis + pontos fortes = oportunidades; fatores desfavoráveis + pontos fracos = ameaças.
Em seguida, a Província do Rio de Janeiro (FC) apresentou seu trabalho: encontros de animadores regionais, confecção de subsídios, visitas às paróquias, presença junto da CRB, celebrações no ano jubilar, participação em cursos do Instituto de Pastoral Vocacional, do SIEV, grupos de orientação vocacional, visitas às famílias das vocacionadas, presença na Expocatólica (em São Paulo) e encontros regionais de vocacionadas em vista de um encontro provincial mais amadurecido. Desafios: apoio das comunidades locais, transferência das Irmãs, instabilidade dos jovens e desestruturação das famílias e questões trabalhistas.
As Províncias de Curitiba continuaram as apresentações. A Congregação da Missão começou mostrando uma sugestão para a logomarca do SAVV. No que se refere à formação, a Província tem buscado organizar, pelas casas canônicas, os animadores vocacionais regionais. Tem havido, sempre em parceira com as Irmãs e outros ramos da Família Vicentina, escolas vocacionais e encontros de formação para agentes leigos do SAVV. Presença nos cursos de formação do IPV e de outros Institutos. Encontros com jovens, adolescentes e crianças. Quanto à missionariedade do SAVV, presença nas celebrações de votos e ordenações, jubileu dos coirmãos e das obras, missões vocacionais, presença em paróquias, obras e escolas. Como prioridades, encontros vocacionais regionais e maior uso dos meios de comunicação. Como atividades estratégicas, planejamento provincial, comunicação, equipe de animadores regionais, datas e celebrações especiais, encontros e retiros vocacionais, encontros com coroinhas e crismandos, missões, grupos de convivência de vocacionados.
Em continuidade, as Filhas da Caridade continuaram a apresentação de Curitiba. Salientou-se a mútua colaboração entre os ramos da Família, como o Projeto Reavivar a Chama, de 2010, ligado ao jubileu dos 350 anos. A Província está dividida em oito regionais. Houve, em 2010, algumas atividades regionais e locais. Destacou-se a movimentação feita, durante o jubileu, nos colégios e escolas, em vista da divulgação e conscientização a respeito do carisma. Realização de encontros vocacionais mistos. Para 2011, a Província criou um projeto, chamado Ano Vocacional Vicentino, para comemorar os 40 anos deste formato de organização dos trabalhos vocacionais. Um de seus objetivos é intensificar a cultura vocacional na Província. Para tanto, foi feito um kit vocacional, com vários itens, como subsídios vocacionais, velas, canetas, propagandas, balas, folders, DVD e outros instrumentos e meios de divulgação da Companhia.
A apresentação continuou com a Província de Belo Horizonte (FC). A Província tem uma equipe central e uma animadora em cada uma de suas comunidades, que são organizadas em sete regiões. Houve muitas atividades por ocasião do jubileu dos 350 anos e dos 40 anos da Província, tanto em nível provincial como local. Criou-se o Projeto Resgatando Memória, com o objetivo de garantir uma vida saudável, buscando na Palavra de Deus, a luz e a força para viver a coerência com a vocação. Baseia-se na vida e na coragem dos Fundadores em responder aos apelos do seu tempo e na exigência de dar respostas atuais no momento presente. O projeto tem como finalidade desenvolver a vida fraterna e aprofundar o espírito de pertença. Uma lamparina, tomada como símbolo de revigoramento vocacional na Província, passou por todas as casas, durante quase um ano.
Depois, foi a vez da Província de Fortaleza (FC) apresentar suas atividades. No que se refere à formação, há a Escola Vicentina para Animadores Vocacionais, com o objetivo de capacitar animadores, possibilitar formação humana, sensibilizar os ramos da Família e oferecer formação adequada. Quanto à missionariedade, houve comemorações no ano jubilar e missões vicentinas. Sobre a metodologia, buscou-se fazer encontros vocacionais mais amplos, não apenas centrados nas vocações específicas. Encontros de despertar, feiras e shows vocacionais. Encontros de opção de vida.
Por fim, a Província de Recife (FC) apresentou seus trabalhos, realizados pela equipe provincial e pelas animadoras regionais, além das animadoras locais. Há produção de materiais vocacionais e subsídios, como o guia de orientação para o SAVV. Suas prioridades são a formação das Irmãs e a capacitação das jovens para a missão vicentina. Há encontros de formação de animadoras vocacionais e cursos de capacitação em vários Institutos, na CRB e na Família Vicentina. Encontros com pastorais e movimentos, com a JMV e outros ramos da Família. Na dimensão missionária, criou-se o Projeto Celebrar é Partilhar, com o objetivo da difusão e fidelidade ao carisma vicentino. Peregrinação das relíquias da Beata Irmã Lindalva. Missões populares. Tríduos vocacionais, por ocasião de ordenações, votos e jubileus. Vigílias e horas santas vocacionais. Plantão vocacional em escolas e paróquias. Avivamento vicentino com participação de muitos movimentos. Sobre a metodologia, busca de capacitação das Irmãs, presença em paróquias e acompanhamento vocacional. Como atividades estratégicas, revisão do projeto anual, visita aos regionais, encontros mensais, jornadas vocacionais, missões e encontros.