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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Bem-aventurado Luís José François, Lazarista. (1751-1792)

Luís José François nasceu em Busigny, subúrbio de Cambrai (França), a 03 de fevereiro de 1751. Seus pais, José Francisco e Maria Ana Legrand, eram agricultores de fé profunda e grande piedade. Dos oito irmãos, Luís José e outros dois foram admitidos na Congregação da Missão, como candidatos ao presbiterato, e uma irmã, Maria Ana, admitida na Companhia das Filhas da Caridade.
O menino Luís José manifestou, desde cedo, grande aptidão e gosto pelo estudo e foi, por isso, enviado para o colégio dos Jesuítas, em Château Cambrésis. Aos 16 anos, concluiu os estudos clássicos e, depois de merecidas férias junto aos pais, foi procurar o Padre Bossu, diretor do Seminário Interno (Noviciado) da Congregação da Missão, em São Lázaro, na capital francesa. Nele, foi recebido a 04 de outubro de 1766. Feitos os votos a 04 de fevereiro de 1769, alegremente iniciou seus estudos filosóficos e teológicos, sendo ordenado padre em 1773.
As primícias de sua atividade presbiteral foram, durante oito anos, consagradas à formação do clero, em um dos cinqüenta e três Seminários Maiores dirigidos pelos Lazaristas, na França. Após esta rica experiência missionária, foi enviado ao Seminário Maior de Troyes, com apenas 32 anos, onde era muito estimado pelo bispo, não só por se desdobrar na formação dos seminaristas, como também por seus serviços prestados ao Clero. Depois de cinco anos, o Superior Geral o requisitou para ficar à frente da Secretaria Geral da Congregação, em Paris.
Lá vivendo, Padre Luís José era sempre convidado, vistas suas exímias qualidades de pregador, para as grandes solenidades da capital, como por ocasião do centenário da Casa Real de Saint-Cyr e do falecimento de Madame Luísa de França, filha do Rei Luis XV, em cuja cerimônia Padre François pronunciou a oração fúnebre. Além disso, dedicava-se, a pedido dos bispos, à direção de retiros para o Clero. E, em São Lázaro, orientava as Conferências das Terças-Feiras, muito freqüentadas pelo Clero parisiense quando era sua vez de falar.
Tendo falecido o Superior do Seminário de São Firmino, antigo Colégio Bons-Enfants, do tempo de São Vicente, o Padre Luís José François foi feito superior do mesmo.
Neste tempo, escreveu vários folhetos e brochuras contra a Revolução Francesa, em especial contra a obrigação, imposta aos presbíteros e bispos, de jurarem fidelidade à Constituição Civil do Clero. Combateu também valorosamente o confisco de todos os bens eclesiásticos, decretado pela Revolução. Por isso e, mais ainda, por sua coragem e franqueza (foi considerado o Defensor da Fé e da Igreja), foi muito odiado pelos revolucionários. Ele, porém, estava espiritualmente preparado, inclusive, para o martírio. Trabalhou incansavelmente até o momento de sua detenção, a 13 de agosto de 1792, conseguindo a retratação pública de vários irmãos presbíteros que, desorientados e confusos, inicialmente haviam concordado em prestar o iníquo juramento.
Recusou heroicamente refugiar-se na casa de sua família. Resistindo aos rogos e lágrimas de sua querida mãe, preferiu ficar com seus Coirmãos e outros eclesiásticos, no Seminário de São Firmino, onde estavam injustamente aprisionados cerca de noventa padres e sete leigos. Atendeu muitas confissões, fez o seu retiro espiritual anual e sua confissão geral.
Amigos do Seminário se mobilizaram, na tentativa de salvar, pelo menos, o Padre Luís José François e o Padre Boullangier. Este e vários outros, com a ajuda de alguns jovens, conseguiram fugir. O Superior, consciente da responsabilidade de seu cargo, julgou dever continuar em seu posto, apoiando os colegas de prisão, até o fim, custasse o que custasse.
São Lázaro, residência do Superior Geral da Congregação da Missão, foi a primeira Casa de missionários a sofrer a bárbara violência dos revolucionários: foi impiedosamente invadida e saqueada pela multidão amotinada pela Assembléia Constituinte. Os moradores escaparam, pulando os muros da propriedade ou escondendo-se nos celeiros.
Depois disso, estava iminente o dia do grande massacre em outra Casa dos Lazaristas: o Seminário de São Firmino. No dia 03 de setembro de 1792, às 05h30 da manhã, as portas desse Seminário se abriram, de repente, com grande ruído. Entraram muitos rebelados, gritando palavrões e ameaças e iniciando a terrível execução das vítimas. O Padre Luís José François, com dois colegas presbíteros, estava reunido com os representantes do Governo, com os quais sempre mantivera um relacionamento amistoso, pedindo esclarecimentos sobre o que queriam dele e dos demais padres inocentes, trancafiados no prédio do Seminário. Os governistas assustados com os acontecimentos, embaraçados e impotentes, propuseram-lhes a fuga. O Padre Luís José, porém, continuava insistindo em seu pedido de esclarecimentos. De repente, alguns dos algozes, impacientes, invadiram a sala, agarraram-no e, pela janela, o precipitaram na rua, onde mulheres, armadas com paus, facões e facas de cozinha acabaram de matá-lo.
Para ele, estava tudo consumado. Como herói, enfrentou todo tipo de oposição, por amor a Deus e à Igreja e por fidelidade à vocação que recebera. Os dois ilustres padres que o apoiavam em seu pedido de esclarecimentos foram imediatamente decapitados. Vários outros prisioneiros também foram brutalmente sacrificados, nas mesmas circunstâncias, entre eles sobressaindo o Padre João Henrique Gruyer, também da Congregação da Missão.

    Beatificação: 17 de outubro de 1926, por Pio XI
Memória Litúrgica: 02 de setembro

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