São sete décadas a serviço da Igreja Católica no Brasil. Sua missão foi decidida em solo mineiro, mas foi em Belém do Pará que o Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Belém, Dom Vicente Joaquim Zico, entrou para a história da evangelização na Amazônia. Após completar 32 anos de sagração episcopal no último dia 6 de janeiro, em Belém, Dom Vicente Zico se prepara para comemorar seus 86 anos de vida ao lado da família, neste domingo (27), em Minas Gerais.
São 86 anos de vida, 32 deles dedicados à Arquidiocese de Belém. Com seu “jeitinho”mineiro, Dom Vicente cativou o rebanho paraense e realizou grandes feitos enquanto esteve à frente da Igreja Católica do Pará. Sobre a experiência, ele afirma: “sinto-me muito feliz porque fiz o que pude. Observei e vivi com alegria o que Dom Orani Tempesta fez em quatro anos e o que vejo, hoje, Dom Alberto Taveira realizar pela Arquidiocese. Sem dúvida conquistamos muitas coisas que são bênçãos de Deus”. A respeito da vivência em Belém, ele garante que um dos momentos mais marcantes da sua gestão foi ter participado pela primeira vez do Círio de Nazaré. “Não conhecia o Círio, imaginava uma coisa simples, e me deparei com um momento religioso extraordinário que me surpreendeu”, resume.
Questionado sobre os desafios à frente da Arquidiocese de Belém, o Arcebispo Emérito revela que foram muitos. “No entanto o que sempre me preocupou foi a manutenção financeira de toda a Arquidiocese de Belém, mas que com a graça de Deus sempre caminhou bem. Considero também como desafio as formações sacerdotais e o tempo disponível para fazer o programa de visita a todas as paróquias da Arquidiocese, pois requerem tempo e dedicação”, recorda.
De Dom Vicente Zico de Luz passou a ser “Dom Zico” de Belém. O apelido carinhoso herdado no Pará o fez um dos religiosos mais queridos pelo povo paraense. O resultado de tanto carinho e afeto são as diversas atribuições com o seu nome, em praças, ruas, avenidas, livros e movimentos.
Uma das biografias mais conhecidas chama-se “FRAGMENTOS DA VIDA DE DOM VICENTE ZICO”, de autoria da escritora e amiga de longa data Mízar Klautau Bonna, que já está na segunda edição. A obra narra os principais momentos da vida do bispo. Segundo a autora, "a proposta era mostrar um pouco mais daquele que era o nosso Pastor". "Nesse último livro, cada capítulo completa-se com uma mini-entrevista. Para mim, Dom Vicente é um homem de fé, que pensa com o coração e que sempre diz: ‘Calma. Tudo vai se resolver’”, completou. O livro está disponível nas maiores livrarias de Belém.
Sobre as inúmeras manifestações de afeto que recebe em terras paraenses, Dom Vicente ressalta: “sinto-me muito sensibilizado e emocionado com tudo isso. Isso revela o motivo que me prendeu muito a Belém. A delicadeza, o carinho e o amor desse povo que amo e que, sinceramente, procuro corresponder com muito amor e simplicidade”, disse.
Hoje, como Arcebispo Emérito de Belém, Dom Vicente se define mais tranquilo e com menos preocupações. No entanto, se engana quem pensa que com menos atividades. Nos últimos anos, ele tem se dedicado especialmente a encontros espirituais. E adianta, que “até julho deste ano, seis retiros já estão programados”.
O próximo retiro acontece em São Paulo, o que ajudou Dom Vicente a ficar mais próximo de seus familiares que atualmente residem em Belo Horizonte. A proximidade da cidade com a realização do evento religioso ajudou Dom Vicente a decidir passar o aniversário deste ano junto aos seus familiares. Oportunidade que segundo ele, “é única”. Após a estadia que deverá se estender por sete dias retomará a caminha de fé nos estados de Goiânia e Brasília.
HISTÓRICO - Dom Vicente Joaquim Zico nasceu no dia 27 de janeiro de 1927, em Luz-MG. Aos 11 anos, após ter concluído o primário, foi orientado para o Seminário Menor do Caraça, MG, dos Padres Lazaristas, da Congregação São Vicente de Paulo. Aos 16, seguiu para Petrópolis, no Rio de Janeiro, e no Noviciado da Congregação, tornou-se Lazarista, no dia 4 de fevereiro de 1943. No Noviciado cursou Filosofia e Teologia, e foi ordenado sacerdote no dia 22 de outubro de 1950, aos 23 anos, por Dom Jorge Marcos de Oliveira, então Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro.
Dom Zico cresceu em um ambiente familiar cristão. Para ele, esse foi um dos fatores que contribuíram para a escolha da vida eclesial. “Minha família sempre foi de muita fé, de frequência diária na Santa Missa e de vida pastoral ativa. Meu pai, Frederico Hosana, foi vicentino desde os 15 anos de idade. Minha mãe, integrante do Apostolado da Oração, nos inspirava na oração em casa”, recorda. “Fui para o Seminário por influência dos meus irmãos, também sacerdotes, padre José Tobias e Dom Belchior. Eu estava sendo chamado e, com 18 anos, me consagrei”, acrescenta.
Como padre, trabalhou durante 12 anos no Seminário de Fortaleza, até ser transferido para Petrópolis, onde foi reitor do Seminário por três anos. Após esse período, iniciou sua temporada fora do país. Dom Vicente foi fazer o curso de Pastoral em Paris, na França, e conviveu dois anos e meio com os franceses. Depois disso, voltou para o Brasil e, no Rio de Janeiro, ocupou o cargo de conselheiro, encarregado de conduzir durante quatro anos a Congregação no Brasil (Região Brasil Centro, envolvendo Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Distrito Federal).
O mineiro não esperava que a missão no Brasil fosse o primeiro passo para o seu reconhecimento internacional. Em 1974, foi eleito, em Roma, conselheiro da Congregação no Mundo, na América Latina e nos países de língua portuguesa. O religioso trabalhou durante sete anos em Roma, visitando núcleos da Congregação. Nesse período aconteceu algo que o surpreendeu ainda mais. “Eu nunca imaginei chegar a ser Bispo um dia”, conta. Mas era exatamente o que Deus planejava para sua vida.
Sua relação com o povo paraense iniciou no dia 5 de dezembro de 1980, após ser nomeado. O Papa João Paulo II o instituiu Bispo e o enviou para Belém como Arcebispo Coadjutor, com direito a sucessão. “Ele mesmo me ordenou, no dia 6 de janeiro de 1981”, lembra. A indicação foi feita pelos religiosos que observaram seu potencial.
Dom Vicente Zico chegou a Belém no dia 7 de março de 1981. O Arcebispo na época, Dom Alberto Gaudêncio Ramos, o confiou a tarefa de acompanhar o Seminário da Arquidiocese. Percebendo o potencial do religioso, o deixou encarregado de organizar a Pastoral da Arquidiocese.
Em 1990 Dom Zico deixa de exercer a função de Arcebispo Coadjutor de Belém e, aos 53 anos de idade é nomeado Arcebispo de Belém, no dia 4 de julho de 1990, sucedendo Dom Alberto Ramos, após sua renúncia. Foram 14 anos de missão como Arcebispo da Arquidiocese de Belém, até a nomeação de seu sucessor, Dom Orani João Tempesta, em 13 de outubro de 2004.
Dom Vicente ficou conhecido por ter realizado grandes feitos enquanto esteve à frente da Arquidiocese. Ele criou paróquias e cinco das atuais seis Regiões Episcopais. A primeira paróquia de sua gestão não poderia ter outro nome mais sugestivo do que o que foi escolhido por ele mesmo - Paróquia São Vicente de Paulo (santo que até hoje considera sua inspiração, por sua filosofia e lições de vida) - localizada no bairro do Paar. Em virtude da grande quantidade de tarefas, Dom Vicente pediu um bispo auxiliar e o Papa nomeou Dom Carlos Verzeletti, atual Bispo de Castanhal, para essa função. “Ele foi um bispo auxiliar de muito valor, que me ajudou muito”, ressaltou Dom Vicente.
Outra importante obra da sua gestão foi a criação da Fundação Nazaré de Comunicação. “Dom Carlos e eu fomos três vezes até Brasília, falar com o Ministro das Comunicações, para conseguir concessão para a rádio e depois para a TV”, recorda. O Centro de Cultura e Formação Cristã (CCFC), importante centro de referência, que faz parte do complexo do Seminário Arquidiocesano, juntamente com o Instituto de Filosofia e Teologia Regional (IFTR) e a residência dos seminaristas, também fazem parte das obras do emérito.
Dom Vicente tem como lema de sacerdócio: “Com Maria, Mãe de Jesus”, inspirado no livro dos Atos dos Apóstolos. Ele explica que escolheu este lema em homenagem ao Papa João Paulo II, a quem tanto admira, e porque sabia que o Papa lhe enviaria a Belém, terra do Círio de Nazaré.
Felicitações
"Dom Vicente Joaquim Zico é um tesouro de nossa Igreja de Belém, reserva de santidade e de sabedoria. Que Deus o conserve entre nós e sua presença continue a edificar o Reino de Deus. Que desçam sobre Ele as melhores bênçãos de Deus".
Dom Alberto Taveira Corrêa,
Arcebispo de Santa Maria de Belém do Grão Pará
“Tenho muita estima por Dom Vicente Zico, pelo seu papel de Bispo e sacerdote. Ele é um santo que proporcionou um grande bem para a Arquidiocese de Belém. Agora como Bispo Emérito, que ele possa continuar a difundir o bem, por isso devemos imitá-lo”.
Monsenhor Geraldo Menezes
“O Senhor lhe arrancou como uma videira para trazer até nós os ramos da Palavra do Senhor, que com alegria podemos haurir todos os dias.Feliz e abençoado aniversário!”.
Marluce Milhomem,
Fonte:www.fundacaonazare.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário