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quarta-feira, 30 de setembro de 2015
São Jerônimo - Presbitero e Doutor da Igreja.
Do Prólogo ao Comentário sobre o Profeta Isaías, de São Jerônimo, presbítero
(Nn.1.2: CCL 73,1-3) (Séc.V)
Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo
Pago o que devo, obediente aos preceitos de Cristo que diz: Perscrutai as Escrituras(Jo 5,39); e: Buscai e achareis (Mt 7,7). Assim que não me aconteça ouvir com os judeus:Errais, sem conhecer as Escrituras nem o poder de Deus (Mt 22,29). Se, conforme o Apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, e quem ignora as Escrituras ignora o poder de Deus e sua sabedoria, ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.
Daí que eu imite o pai de família que de seu tesouro tira coisas novas e antigas. E a esposa, no Cântico dos Cânticos, que diz: Coisas novas e antigas, irmãozinho meu, guardei para ti (cf. Ct 7,14 Vulg.). E explicarei Isaías ensinando a vê-lo não só como profeta, mas ainda como evangelista e apóstolo. Ele próprio falou de si e dos outros evangelistas: Como são belos os pés daqueles que evangelizam boas novas, que evangelizam a paz (Is 52,7). E também Deus lhe fala como a um apóstolo: Quem enviarei, e quem irá a este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, envia-me (cf. Is 6,8).
Ninguém pense que desejo resumir em breves palavras o conteúdo deste livro,pois esta escritura contém todos os mistérios do Senhor, falando do Emanuel, o nascido da Virgem, o realizador de obras e sinais estupendos, o morto e sepultado, o ressurgido dos infernos e o salvador de todos os povos. Que direi de física, ética e lógica? Tudo o que há nas santas Escrituras, tudo o que a língua humana pode proferir e uma inteligência mortal receber, está contido neste livro. Atesta esses mistérios quem escreveu: Será para vós a visão de todas as coisas como as palavras de um livro selado; se é dado a alguém que saiba ler, dizendo-lhe: Lê isto, ele responderá: Não posso, está selado. E se for dado a quem não sabe ler e se lhe disser: Lê, responderá: Não sei ler (Is 29,11-12).
E se alguém parecer fraco, ouça as palavras do mesmo Apóstolo: Dois ou três profetas falem e os outros julguem; mas se a outro que está sentado algo for revelado, que se cale o primeiro (1Cor 14,32). Como podem guardar silêncio, se está ao arbítrio do Espírito, que fala pelos profetas, o calar-se e o falar? Se na verdade compreendiam aquilo que diziam, tudo está repleto de sabedoria e de inteligência. Não era apenas o ar movido pela voz que chegava a seus ouvidos, mas Deus falava no íntimo dos profetas, segundo outro Profeta diz: O anjo que falava a mim (cf. Zc 1,9), e: Clamando em nossos corações, Abba, Pai (Gl 4,6), e: Ouvirei o que o Senhor Deus disser em mim (Sl 84,9).
Fonte: Oficio das leituras
Fonte: Oficio das leituras
Mensagem de sua Santidade Francisco para a XXIV Jornada Mundial do Enfermo (11 de fevereiro de 2016)
«Confiar em Jesus misericordioso, como Maria:
“Fazei o que Ele vos disser” (Jo 2, 5)»
Amados irmãos e irmãs!
A XXIV Jornada Mundial do Enfermo dá-me ocasião para me sentir particularmente próximo de vós, queridas pessoas doentes, e de quantos cuidam de vós.
Dado que a referida Jornada vai ser celebrada de maneira solene na Terra Santa, proponho que, neste ano, se medite a narração evangélica das bodas de Caná (Jo 2, 1-11), onde Jesus realizou o primeiro milagre a pedido de sua Mãe. O tema escolhido – Confiar em Jesus misericordioso, como Maria: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5) – insere-se muito bem no âmbito do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A celebração eucarística central da Jornada terá lugar a 11 de Fevereiro de 2016, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lurdes, e precisamente em Nazaré, onde «o Verbo Se fez homem e veio habitar conosco» (Jo 1, 14). Em Nazaré, Jesus deu início à sua missão salvífica, aplicando a Si mesmo as palavras do profeta Isaías, como nos refere o evangelista Lucas: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor» (4, 18-19).
A doença, sobretudo se grave, põe sempre em crise a existência humana e suscita interrogativos que nos atingem em profundidade. Por vezes, o primeiro momento pode ser de rebelião: Porque havia de acontecer precisamente a mim? Podemos sentir-nos desesperados, pensar que tudo está perdido, que já nada tem sentido...
Nestas situações, a fé em Deus se, por um lado, é posta à prova, por outro, revela toda a sua força positiva; e não porque faça desaparecer a doença, a tribulação ou os interrogativos que daí derivam, mas porque nos dá uma chave para podermos descobrir o sentido mais profundo daquilo que estamos a viver; uma chave que nos ajuda a ver como a doença pode ser o caminho para chegar a uma proximidade mais estreita com Jesus, que caminha ao nosso lado, carregando a Cruz. E esta chave é-nos entregue pela Mãe, Maria, perita deste caminho.
Nas bodas de Caná, Maria é a mulher solícita que se apercebe de um problema muito importante para os esposos: acabou o vinho, símbolo da alegria da festa. Maria dá-Se conta da dificuldade, de certa maneira assume-a e, com discrição, age sem demora. Não fica a olhar e, muito menos, se demora a fazer juízos, mas dirige-Se a Jesus e apresenta-Lhe o problema como é: «Não têm vinho» (Jo 2, 3). E quando Jesus Lhe faz notar que ainda não chegou o momento de revelar-Se (cf. v. 4), Maria diz aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser» (v. 5). Então Jesus realiza o milagre, transformando uma grande quantidade de água em vinho, um vinho que logo se revela o melhor de toda a festa. Que ensinamento podemos tirar, para a Jornada Mundial do Doente, do mistério das bodas de Caná?
O banquete das bodas de Caná é um ícone da Igreja: no centro, está Jesus misericordioso que realiza o sinal; em redor d’Ele, os discípulos, as primícias da nova comunidade; e, perto de Jesus e dos seus discípulos, está Maria, Mãe providente e orante. Maria participa na alegria do povo comum, e contribui para a aumentar; intercede junto de seu Filho a bem dos esposos e de todos os convidados. E Jesus não rejeitou o pedido de sua Mãe. Quanta esperança há neste acontecimento para todos nós! Temos uma Mãe de olhar vigilante e bom, como seu Filho; o coração materno e repleto de misericórdia, como Ele; as mãos que desejam ajudar, como as mãos de Jesus que dividiam o pão para quem tinha fome, que tocavam os doentes e os curavam. Isto enche-nos de confiança, fazendo-nos abrir à graça e à misericórdia de Cristo. A intercessão de Maria faz-nos experimentar a consolação, pela qual o apóstolo Paulo bendiz a Deus: «Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda consolação! Ele nos consola em toda a nossa tribulação, para que também nós possamos consolar aqueles que estão em qualquer tribulação, mediante a consolação que nós mesmos recebemos de Deus. Na verdade, assim como abundam em nós os sofrimentos de Cristo, também, por meio de Cristo, é abundante a nossa consolação» (2 Cor 1, 3-5). Maria é a Mãe «consolada», que consola os seus filhos.
Em Caná, manifestam-se os traços distintivos de Jesus e da sua missão: é Aquele que socorre quem está em dificuldade e passa necessidade. Com efeito, no seu ministério messiânico, curará a muitos de doenças, enfermidades e espíritos malignos, dará vista aos cegos, fará caminhar os coxos, restituirá saúde e dignidade aos leprosos, ressuscitará os mortos, e aos pobres anunciará a boa nova (cf. Lc 7, 21-22). E, durante o festim nupcial, o pedido de Maria – sugerido pelo Espírito Santo ao seu coração materno – fez revelar-se não só o poder messiânico de Jesus, mas também a sua misericórdia.
Na solicitude de Maria, reflete-se a ternura de Deus. E a mesma ternura torna-se presente na vida de tantas pessoas que acompanham os doentes e sabem individuar as suas necessidades, mesmo as mais subtis, porque veem com um olhar cheio de amor. Quantas vezes uma mãe à cabeceira do filho doente, ou um filho que cuida do seu progenitor idoso, ou um neto que acompanha o avô ou a avó, depõe a sua súplica nas mãos de Nossa Senhora! Para nossos familiares doentes, pedimos, em primeiro lugar, a saúde; o próprio Jesus manifestou a presença do Reino de Deus precisamente através das curas. «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem e os coxos andam; os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam» (Mt 11, 4-5). Mas o amor, animado pela fé, leva-nos a pedir, para eles, algo maior do que a saúde física: pedimos uma paz, uma serenidade da vida que parte do coração e que é dom de Deus, fruto do Espírito Santo que o Pai nunca nega a quantos Lho pedem com confiança.
No episódio de Caná, além de Jesus e sua Mãe, temos aqueles que são chamados «serventes» e que d’Ela recebem esta recomendação: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2, 5). Naturalmente, o milagre dá-se por obra de Cristo; contudo Ele quer servir-Se da ajuda humana para realizar o prodígio. Poderia ter feito aparecer o vinho diretamente nas vasilhas. Mas quer valer-Se da colaboração humana e pede aos serventes que as encham de água. Como é precioso e agradável aos olhos de Deus ser serventes dos outros! Mais do que qualquer outra coisa, é isto que nos faz semelhantes a Jesus, que «não veio para ser servido, mas para servir» (Mc 10, 45). Aqueles personagens anônimos do Evangelho dão-nos uma grande lição. Não só obedecem, mas fazem-no generosamente: enchem as vasilhas até cima (cf. Jo 2, 7). Confiam na Mãe, fazendo, imediatamente e bem, o que lhes é pedido, sem lamentos nem cálculos.
Nesta Jornada Mundial do Doente, podemos pedir a Jesus misericordioso, pela intercessão de Maria, Mãe d’Ele e nossa, que nos conceda a todos a mesma disponibilidade ao serviço dos necessitados e, concretamente, dos nossos irmãos e irmãs doentes. Por vezes, este serviço pode ser cansativo, pesado, mas tenhamos a certeza de que o Senhor não deixará de transformar o nosso esforço humano em algo de divino. Também nós podemos ser mãos, braços, corações que ajudam a Deus a realizar os seus prodígios, muitas vezes escondidos. Também nós, sãos ou doentes, podemos oferecer as nossas canseiras e sofrimentos como aquela água que encheu as vasilhas nas bodas de Caná e foi transformada no vinho melhor. Tanto com a ajuda discreta de quem sofre, como suportando a doença, carrega-se aos ombros a cruz de cada dia e segue-se o Mestre (cf. Lc 9, 23); e, embora o encontro com o sofrimento seja sempre um mistério, Jesus ajuda-nos a desvendar o seu sentido.
Se soubermos seguir a voz d’Aquela que recomenda, a nós também, «fazei o que Ele vos disser», Jesus transformará sempre a água da nossa vida em vinho apreciado. Assim, esta Jornada Mundial do Doente, celebrada solenemente na Terra Santa, ajudará a tornar realidade os votos que formulei na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia: «Possa este Ano Jubilar, vivido na misericórdia, favorecer o encontro com [o judaísmo e o islamismo] e com as outras nobres tradições religiosas; que ele nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação» (Misericordiae Vultus, 23). Cada hospital ou casa de cura pode ser sinal visível e lugar para promover a cultura do encontro e da paz, onde a experiência da doença e da tribulação, bem como a ajuda profissional e fraterna contribuam para superar qualquer barreira e divisão.
Exemplo disto são as duas Irmãs canonizadas no passado mês de Maio: Santa Maria Alfonsina Danil Ghattas e Santa Maria de Jesus Crucificado Baouardy, ambas filhas da Terra Santa. A primeira foi uma testemunha de mansidão e unidade, dando claro testemunho de como é importante tornarmo-nos responsáveis uns pelos outros, vivermos ao serviço uns dos outros. A segunda, mulher humilde e analfabeta, foi dócil ao Espírito Santo, tornando-se instrumento de encontro com o mundo muçulmano.
A todos aqueles que estão ao serviço dos doentes e atribulados, desejo que vivam animados pelo espírito de Maria, Mãe da Misericórdia. «A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus» (ibid., 24) e levá-la impressa nos nossos corações e nos nossos gestos. Confiamos à intercessão da Virgem as ânsias e tribulações, juntamente com as alegrias e consolações, dirigindo-Lhe a nossa oração para que Ela pouse sobre nós o seu olhar misericordioso, especialmente nos momentos de sofrimento, e nos torne dignos de contemplar, hoje e para sempre, o Rosto da misericórdia que é seu Filho Jesus.
Acompanho esta súplica por todos vós com a minha Bênção Apostólica.
Vaticano, 15 de Setembro – Memória de Nossa Senhora das Dores – do ano 2015.
Francisco
terça-feira, 29 de setembro de 2015
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Palavras do Superior Geral por ocasião da festa de São Vicente de Paulo
Queridos membros da Família Vicentina,
Que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo estejam com todos vocês!
Nesta festa de São Vicente de Paulo, uno-me a vocês para agradecer a Deus pela benção de servir a seu querido Povo; sobretudo a estes homens e mulheres excluídos de sua participação na sociedade; estas pessoas que vivem nas periferias, nossos mestres e senhores. Somos chamados a servir a estes homens e mulheres e a encontrar Cristo neles. Exortam-nos a não só a darmos-lhes nossas vozes em suas causas, mas também a escutá-los e falar por eles. Por isto, como consequência de nossa identificação com eles, convidam-nos a que sejamos seus amigos. (cf. Papa Francisco, Evangelii Gaudium, #198).
Ao responder o chamado para participar no processo da Nova Evangelização, nós, como Vicentinos, temos uma contribuição excepcional a oferecer. Primeiro, durante este ano da colaboração se nos apresenta uma oportunidade para fortalecer os vínculos de cooperação e solidariedade, entre os quase trezentos ramos da Família Vicentina; naqueles lugares onde estes vínculos podem ser débeis ou inexistentes; somos desafiados a explorar caminhos e meios para estabelecer tais vínculos. Dita colaboração é essencial se continuaremos a dar o testemunho de que todos somos um Povo de Deus, uma Família Vicentina.
Vicente de Paulo falou com frequência sobre um processo afetivo e efetivo de evangelização. Nosso esforço para tornar realidade uma colaboração maior entre nós é o melhor meio de assegurar que chegamos a muitos mais membros esquecidos da sociedade.
Além disso, creio que temos outra contribuição importante para oferecer à Igreja, na medida em que nos comprometemos com a Nova Evangelização. Nos últimos anos, temos visto distintos ramos da Família Vicentina unirem-se para mudar estruturas injustas e opressivas, que impedem as pessoas viverem dignamente. Nossa implicação neste processo colaborador de mudança de estruturas nos capacita para que sejamos discípulos-missionários Vicentinos.
Continuemos trabalhando juntos em processos criativos de colaboração de mudança de estruturas; recordando que a última palavra pertence ao livro do Apocalipse: “E vi um novo céu e uma nova terra, porque o primeiro céu e a primeira terra deixaram de existir e o mar já não mais existia” (Ap 21, 1)… E que Deus nos abençoe hoje e todos os dias de nossa vida.
Seu irmão em São Vicente de Paulo,
Reverendo. G. Gregory Gay, CM
Superior Geral
Palavras do Visitador por ocasião da festa de São Vicente de Paulo
Saúde, paz e muita disposição missionária para o seguimento de Jesus Cristo Evangelizador dos Pobres!
Estimados Coirmãos, seminaristas e vocacionados:
Mais uma vez, estamos celebrando a festa do nosso fundador São Vicente de Paulo.O dia 27 de setembro é data significativa para nós, missionários lazaristas, para várias ramos da Família Vicentina e para muitos leigos que colaboram conosco em nossa missão.
Por ocasião da Festa de São Vicente, somos convidados a agradecer por todo bem que a Congregação da Missão realiza no Brasil até hoje e a pedir para que, em espírito de colaboração, com renovado ardor apostólico e com fidelidade criativa, àluz da espiritualidade vicentina e atentos aos apelos de Deus, continuemos a bonita missão que o Senhor nos confia por meio de São Vicente.
Celebrar a festa de São Vicente nos leva, como servos humildes de Cristo, a agradecer a Deus pelo dom que o carisma vicentino é na vida da Igreja e na vida de tantas pessoas em particular. Tudo é dom e graça. Assim como São Vicente e os primeiros missionários buscavam unicamente fazer a vontade de Deus, assim também nós, hoje, lazaristas e Família Vicentina, somos chamados a sermos fiéis a Cristo, colocando-nos inteiramente a serviço da Igreja e dos pobres.
Como filhos de São Vicente, queremos ir ao encontro das pessoas que vivem nas periferias da humanidade, às margens da sociedade e que perderam a esperança cristã. Queremos partilhar nossos recursos materiais e humanos, colaborando com outras entidades afins, colocando-os a serviço da vida e da missão. Acima de tudo,queremos ser presença de esperança, de reconciliação e de testemunho da “Alegria do Evangelho”.
Para isso, imploramos ao Senhor o seu amor e a graça de “tornar efetivo o Evangelho, evangelizando por palavras e por obras” (SV XII, 87).
Peço que na missa deste dia, domingo, na igreja matriz ou comunidade em que celebrarem não se esqueçam de falar do nosso santo fundador, não apenas fazendo alguma referência a ele, mas dando-lhe o destaque que merece.
Que Deus nosso Senhor, pela intercessão de São Vicente, nos abençoe e envie sobre nós a força do Espírito, mantendo-nos unidos a Cristo e à missão que Ele nos confia, levando a Boa Nova aos pobres.
Estimados Coirmãos, seminaristas e vocacionados:
Mais uma vez, estamos celebrando a festa do nosso fundador São Vicente de Paulo.O dia 27 de setembro é data significativa para nós, missionários lazaristas, para várias ramos da Família Vicentina e para muitos leigos que colaboram conosco em nossa missão.
Por ocasião da Festa de São Vicente, somos convidados a agradecer por todo bem que a Congregação da Missão realiza no Brasil até hoje e a pedir para que, em espírito de colaboração, com renovado ardor apostólico e com fidelidade criativa, àluz da espiritualidade vicentina e atentos aos apelos de Deus, continuemos a bonita missão que o Senhor nos confia por meio de São Vicente.
Celebrar a festa de São Vicente nos leva, como servos humildes de Cristo, a agradecer a Deus pelo dom que o carisma vicentino é na vida da Igreja e na vida de tantas pessoas em particular. Tudo é dom e graça. Assim como São Vicente e os primeiros missionários buscavam unicamente fazer a vontade de Deus, assim também nós, hoje, lazaristas e Família Vicentina, somos chamados a sermos fiéis a Cristo, colocando-nos inteiramente a serviço da Igreja e dos pobres.
Como filhos de São Vicente, queremos ir ao encontro das pessoas que vivem nas periferias da humanidade, às margens da sociedade e que perderam a esperança cristã. Queremos partilhar nossos recursos materiais e humanos, colaborando com outras entidades afins, colocando-os a serviço da vida e da missão. Acima de tudo,queremos ser presença de esperança, de reconciliação e de testemunho da “Alegria do Evangelho”.
Para isso, imploramos ao Senhor o seu amor e a graça de “tornar efetivo o Evangelho, evangelizando por palavras e por obras” (SV XII, 87).
Peço que na missa deste dia, domingo, na igreja matriz ou comunidade em que celebrarem não se esqueçam de falar do nosso santo fundador, não apenas fazendo alguma referência a ele, mas dando-lhe o destaque que merece.
Que Deus nosso Senhor, pela intercessão de São Vicente, nos abençoe e envie sobre nós a força do Espírito, mantendo-nos unidos a Cristo e à missão que Ele nos confia, levando a Boa Nova aos pobres.
Parabéns e um feliz dia de São Vicente!
Pe. Evaldo Carvalho, CM
Visitador Provincial da PFCM
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Papa aos jovens: “não tenhais medo da esperança, não tenhais medo do futuro”
Havana, 21 de Setembro de 2015
Queridos amigos!
Sinto uma grande alegria em poder estar convosco, precisamente neste Centro Cultural muito significativo na história de Cuba. Dou graças a Deus por me ter concedido a oportunidade de ter este encontro com tantos jovens que, através do seu trabalho, estudo e preparação, estão sonhando, e tornando já realidade também, o amanhã de Cuba.
Agradeço ao Leonardo as suas palavras de saudação, especialmente porque, podendo ter falado de muitas outras coisas, certamente importantes e concretas como as dificuldades, os medos, as dúvidas – tão reais e humanas –, preferiu falar-nos de esperança, dos sonhos e aspirações que estão fortemente impressos no coração dos jovens cubanos, independentemente das suas diferenças de formação, cultura, crença ou ideias. Obrigado, Leonardo, porque eu também, quando vos vejo, a primeira coisa que me vem à mente e ao coração é a palavra esperança. Não posso imaginar um jovem que não se mova, que esteja bloqueado, que não tenha sonhos nem ideais, que não aspire por algo mais.
Mas, qual é a esperança dum jovem cubano neste momento da história? Nem mais nem menos que a esperança de qualquer outro jovem em qualquer parte do mundo. Porque a esperança fala-nos duma realidade que está enraizada no mais fundo do ser humano, independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos históricos em que vive. Fala-nos duma sede, duma aspiração, dum anseio de plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a beleza, a justiça e o amor. Todavia, isto comporta um risco. Supõe estar dispostos a não se deixar seduzir pelo que é passageiro e caduco, por falsas promessas de felicidade vazia, de prazer imediato e egoísta, duma vida medíocre, centrada em si mesmo e que, no seu rasto, só deixa tristeza e amargura no coração. Não, a esperança é ousada, sabe olhar para além das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o horizonte, para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna. Eu perguntaria a cada um de vós: O que é que move a tua vida? O que há no teu coração, onde se fixam as tuas aspirações? Estás sempre disposto a arriscar por algo maior?
Talvez possais dizer-me: «Sim, Padre, a atracção desses ideais é grande. Sinto a sua atracção, a sua beleza, o brilho da sua luz na minha alma; mas, ao mesmo tempo, a realidade da minha fragilidade e das minhas poucas forças é muito pesada para que me consiga decidir a trilhar o caminho da esperança. A meta é muito alta, e as minhas forças são poucas. O melhor é contentar-me com pouco, com coisas talvez menores mas mais realistas, mais dentro das minhas possibilidades». Compreendo esta reacção; é normal sentir o peso daquilo que é árduo e difícil; mas cuidado para não cair na tentação da decepção, que paralisa a inteligência e a vontade, nem ceder à resignação, que é um pessimismo radical perante toda a possibilidade de alcançar o sonho. No fim, estas atitudes acabam ou numa fuga da realidade para paraísos artificiais ou fechando-nos no egoísmo pessoal, numa espécie de cinismo, que não quer escutar o grito de justiça, de verdade e de humanidade que se eleva ao nosso redor e dentro de nós.
Que havemos de fazer então? Como encontrar caminhos de esperança na situação em que vivemos? Como fazer para que estes sonhos de plenitude, de vida autêntica, de justiça e verdade sejam uma realidade na nossa vida pessoal, no nosso país e no mundo? Penso que existem três ideias que podem ser úteis para manter viva a esperança.
A esperança, um caminho feito de memória e discernimento. A esperança é a virtude daquele que está a caminho e se dirige para algum lugar. Assim, não se trata de um simples caminhar pelo prazer de caminhar, mas tem um fim, uma meta, que é o que lhe dá sentido e ilumina o caminho. Ao mesmo tempo, a esperança alimenta-se da memória, abrange com o seu olhar não só o futuro, mas também o passado e o presente. Para caminhar na vida, além de saber para onde queremos ir, é importante saber também quem somos e donde vimos. Uma pessoa ou um povo, que não tem memória e cancela o seu passado, corre o risco de perder a sua identidade e arruinar o seu futuro. Por isso, é necessária a memória daquilo que somos, daquilo que constitui o nosso património espiritual e moral. Creio que esta é a experiência e a lição daquele grande cubano que foi o Padre Félix Varela. E é preciso também o discernimento, porque é essencial abrir-se à realidade e saber lê-la sem medo nem preconceitos. Não servem as leituras parciais ou ideológicas, que deformam a realidade para caber nos nossos pequenos esquemas preconcebidos, provocando sempre desilusão e desespero. Discernimento e memória, porque o discernimento não é cego, mas realiza-se sobre a base de sólidos critérios éticos, morais, que ajudam a discernir o que é bom e justo.
A esperança, um caminho feito em companhia. Diz um provérbio africano: «Se quiseres ir depressa, vai sozinho; se quiseres ir longe, vai acompanhado». O isolamento ou o fechamento em si mesmo nunca gera esperança; pelo contrário, a proximidade e o encontro com o outro, sim. Sozinhos, não chegamos a lado nenhum. E, com a exclusão, não se constrói um futuro para ninguém, nem sequer para si próprio. Um caminho de esperança exige uma cultura do encontro, do diálogo, que supere os contrastes e o confronto estéril. Para isso, é fundamental considerar as diferenças no modo de pensar, não como um risco, mas como uma riqueza e um factor de crescimento. O mundo precisa desta cultura do encontro, precisa de jovens que queiram conhecer-se, que queiram amar-se, que queiram caminhar juntos e construir um país como o sonhava José Martí: «Com todos e para o bem de todos».
A esperança, um caminho solidário. A cultura do encontro deve levar, naturalmente, a uma cultura da solidariedade. Gostei muito do que disse o Leonardo ao princípio, quando falou da solidariedade como força que ajuda a superar qualquer obstáculo. Com efeito, se não houver solidariedade, não há futuro para nenhum país. Acima de qualquer outra consideração ou interesse, tem de estar a preocupação concreta e real pelo ser humano, que tanto pode ser meu amigo, meu companheiro, como alguém que pensa diferente, que tem as suas ideias, mas que é tão humano e tão cubano como eu mesmo. Não basta a simples tolerância; é preciso ir mais longe passando duma atitude suspeitosa e defensiva para outra feita de acolhimento, colaboração, serviço concreto e ajuda eficaz. Não tenhais medo da solidariedade, do serviço, de dar a mão ao outro, para que ninguém fique fora do caminho.
Este caminho da vida é iluminado por uma esperança mais alta: a que nos vem da fé em Cristo. Ele fez-Se nosso companheiro de viagem, e não só nos anima, mas acompanha-nos, permanece ao nosso lado e estende-nos a sua mão de amigo. Ele, o Filho de Deus, quis fazer-Se um como nós, para percorrer também o nosso caminho. A fé na sua presença, no seu amor e amizade acende e ilumina todas as nossas esperanças e sonhos. Com Ele, aprendemos a discernir a realidade, a viver o encontro, a servir os outros e a caminhar na solidariedade.
Queridos jovens cubanos, se o próprio Deus entrou na nossa história e Se fez homem em Jesus, Se carregou aos seus ombros a nossa fraqueza e pecado, não tenhais medo da esperança, não temais medo do futuro, porque Deus aposta em vós, crê em vós, espera em vós.
Queridos amigos, obrigado por este encontro. Que a esperança em Cristo, vosso amigo, vos guie sempre na vossa vida. E, por favor, não vos esqueçais de rezar por mim. Que o Senhor vos abençoe!
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
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